O Parque Marinho Professor Luiz Saldanha (PMPLS) é uma área marinha protegida, criada em 1998, com cerca de 53km2, que se estende ao longo da costa sul da Península de Setúbal, entre a serra da Arrábida e o cabo Espichel. Fazendo parte integrante do Parque Natural da Arrábida, trata-se de uma área protegida do sistema nacional, gerido pelo ICNF. Para além deste reconhecimento nacional, toda a sua área está também integrada na rede europeia de conservação – Rede Natura 2000.
A sua localização geográfica confere-lhe características únicas, das quais se destaca a proteção contra os ventos de quadrante Norte (dominantes em Portugal), a proximidade de um estuário com elevada produtividade e de zonas de canhões abissais, o canhão de Setúbal a sul e o de Lisboa a oeste. Estas características, em conjunto com a presença de fundos rochosos, resultantes da fragmentação das arribas, dão origem a uma variedade de habitats que albergam uma enorme biodiversidade, constituída por mais de 1400 espécies. Muitas destas espécies são de elevada importância económica e é aqui que desenvolvem partes cruciais do seu ciclo de vida. Assim, destaca-se a importância dos habitats, nomeadamente os recifes rochosos e as pradarias de ervas marinhas, como áreas de crescimento e refúgio para um elevado número de espécies.
Os estudos realizados revelam que o Parque Marinho apresenta, do ponto de vista da conservação, aspetos extremamente importantes a preservar como:
- A biodiversidade de todos os grupos ser notável, em comparação com outras áreas marinhas protegidas que representam o mesmo tipo de habitats;
- O recrutamento para as espécies estudadas, entre as quais muitas com interesse comercial, realiza-se de um modo intenso, observando-se um grande número de juvenis de muitas espécies em baías e na zona entre marés durante a preia-mar;
- As pradarias de ervas marinhas, destruídas na última década, têm sido alvo de programas de recuperação, destinados à reposição dos habitats anteriormente existentes e que tão grande importância apresentam, não só para muitas espécies que delas dependem diretamente (como os cavalos-marinhos), como ainda para os juvenis de muitas espécies com interesse comercial que aí encontram refúgio e alimento durante o período de crescimento (como o choco, a raia, o linguado e a santola);
- A localização geográfica desta área marinha protegida e as suas características geomorfológicas e estéticas que potenciam a utilização desta região como um local privilegiado para a educação ambiental e as para as diferentes formas de turismo da natureza;
- A vocação como zona de eleição para desencadear a consciência da necessidade de elaboração de um plano nacional de proteção do meio marinho em Portugal que inclua zonas costeiras e zonas oceânicas.
Contudo esta região tem sofrido várias formas de pressão humana que têm levado ao declínio do seu estado geral. A exploração excessiva de recursos biológicos e a intensificação da pesca lúdica e da náutica de recreio são fatores que, entre outros, têm levantado preocupações em consequência do seu elevado impacto em diversos habitats sensíveis e espécies vulneráveis.
A deterioração da qualidade do ambiente marinho devido aos impactos de diversas atividades constitui hoje uma preocupação central a nível Europeu, estando em curso o estabelecimento de programas de monitorização que levem a obter ou manter um bom estado ambiental, garantindo a utilização sustentável de bens e serviços marinhos. No Parque Marinho é central garantir a compatibilização das atividades económicas com os objetivos de conservação, de modo a assegurar a preservação de espécies e habitats num estado saudável de conservação bem como a sustentabilidade das diversas atividades económicas que lhe estão associadas.